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Dos ‘Bugs’ às IAs

A evolução dos computadores é uma história fascinante que reflete a engenhosidade humana e a constante busca por inovação.

Desde os tempos antigos, com o ábaco, até às máquinas inteligentes movidas por inteligência artificial nos dias de hoje, o progresso foi marcado por transformações profundas na forma como interagimos com a tecnologia.

O ábaco, uma invenção com milhares de anos, era uma ferramenta simples usada para cálculos básicos, um antecessor longínquo das complexas máquinas que conhecemos atualmente. Se pensarmos bem, é impressionante como algo tão rudimentar deu o primeiro passo para o que viria a ser uma das maiores revoluções tecnológicas da humanidade.

Durante séculos, dispositivos mais avançados foram surgindo, culminando na década de 40 com os primeiros computadores eletrónicos, como o ENIAC.

Claro que estas máquinas não tinham muito em comum com os computadores atuais: eram enormes, ocupavam salas inteiras e consumiam grandes quantidades de energia.

No entanto, já naquela altura, os utilizadores sentiam a mesma coisa que sentimos hoje quando vemos o nosso computador mostrar aquela telinha azul, reveladora de problemas no nosso computador… As causas mudaram, entretanto! Hoje, os “bugs”, os problemas, surgem de configurações erradas ou de avarias em circuitos pequeníssimos, Naquela altura, os “bugs” eram realmente “bugs” …

Não entendeu? Eu explico!

O termo, que ainda hoje usamos para descrever falhas em programas ou sistemas (“bug”), teve origem quando uma traça (em inglês, “bug”) foi encontrada no interior do computador Mark II, causando problemas no seu funcionamento. A partir desse momento, “debugging” (eliminar bugs) tornou-se parte do vocabulário da informática.

A viragem significativa deu-se nos anos 1950 com a invenção do transístor, que substituiu as grandes válvulas de vácuo, permitindo que os computadores fossem reduzidos em tamanho e aumentassem em eficiência. Os circuitos integrados, introduzidos posteriormente, aceleraram ainda mais essa evolução.

Foi graças a essas inovações que, nos anos 1970, começaram a surgir os primeiros computadores pessoais, que inicialmente eram todos eles caríssimos e complicados de utilizar. À medida que o tempo passou, a tecnologia envolvida passou a ser mais barata e os computadores acabaram por se tornar mais acessíveis, mais úteis e mais presentes nas nossas casas.

Os anos 1990 e 2000 trouxeram-nos laptops, dispositivos ainda mais portáteis, e posteriormente os smartphones, que revolucionaram por completo o acesso à tecnologia. Hoje, qualquer pessoa pode explorar o mundo, trabalhar ou criar com um dispositivo que cabe no bolso e que, muitas vezes, custa uma fração do preço dos computadores das primeiras décadas, apesar de ser muito mais potente que esses aparelhos.

Chegados à era da inteligência artificial, os computadores transformaram-se em algo mais do que simples ferramentas: Tornaram-se assistentes nas tarefas mais diversas, desde prever padrões climáticos até ajudar a compor música, escrever textos ou simplesmente jogar. São paradigmáticos os carros capazes de se deslocarem sozinhos e as inteligências artificiais que sem terem visto o leitor, são capazes de produzir um filme do leitor a andar num local onde nunca esteve e a falar com alguém com quem nunca se encontrou.

Olhando para o futuro, é possível imaginar computadores ainda mais rápidos, acessíveis e sustentáveis, criados com foco no impacto ambiental, numa evolução que busque a sua interação com o ser humano, num contexto ainda mais colaborativo e, eventualmente, mais intrusivo do que o atual.

Novas ideias e inovações nos aguardam nas próximas décadas e nos desafiam a refletir, não só sobre a tecnologia envolvida, mas também sobre as questões éticas relacionadas, de forma a podermos gerir o impacto que elas terão na nossa vida.

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Professor de Físico-Química.