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Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi uma iniciativa do governo brasileiro, lançada na década de 1970, que marcou uma mudança significativa na matriz energética daquele  país. O programa foi concebido como uma resposta à crise do petróleo que existia na altura e visou a independência energética do Brasil através da substituição dos combustíveis fósseis por etanol produzido a partir da cana-de-açúcar.

Com a elevação atual do preço do petróleo, a implementação de um programa semelhante em Portugal poderia trazer várias vantagens. Em primeiro lugar, o etanol é um combustível renovável que emite menos gases de efeito estufa em comparação com os combustíveis fósseis. Além disso, a produção de etanol a partir de plantas, como o milho ou a beterraba, que são alternativas à cana-de-açúcar e adequadas ao clima português, poderia contribuir para a diversificação da matriz energética do país e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Economicamente, a produção de etanol poderia ainda impulsionar o setor agrícola e criar novos  empregos.

No entanto, as desvantagens também são muitas. Em termos ambientais, a monocultura necessária para a produção de etanol pode levar à perda de biodiversidade e à degradação do solo. Além disso, a produção de etanol pode ser menos eficiente em termos energéticos do que a produção de gasolina, gasóleo, gás natural, hidrogénio ou eletricidade. Outro problema é que, economicamente, a produção de etanol pode não ser viável sem subsídios governamentais.

Em comparação com outros combustíveis,  cada veículo necessita mais etanol para percorrer a mesma distância. No entanto, o etanol é ambientalmente mais favorável do que a gasolina e do que o gasóleo (em termos de emissões de gases de efeito estufa). Se compararmos com  o hidrogénio e a eletricidade, o etanol poderia ser mais fácil de implementar, pois não requer uma infraestrutura completamente nova.

Em conclusão, a alternativa da implementação de um programa como o Proálcool em Portugal, exige uma avaliação cuidadosa dos potenciais benefícios e das desvantagens ambientais, económicas e sociais inerentes.

Os combustíveis fósseis não durarão para sempre e o seu custo de aquisição aumentará cada vez mais com o passar do tempo. Além disso, os efeitos ambientais provocados pela sua utilização impõe uma rápida transição para uma ou mais alternativas baseadas em energias renováveis. No entanto, a escolha entre as diversas alternativas possíveis (eletricidade, álcool, hidrogénio ou qualquer outra) exige uma análise ponderada dos custos e benefícios ambientais e sociais impostos por cada alternativa. Disso dependerá o nosso futuro.

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Professor de Físico-Química.
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