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Ciência

Serendipidade – O papel do acaso nas descobertas em Química

Serendipidade é uma palavra pouco conhecida de muitos de nós.

De acordo com a Infopédia – Dicionários Porto Editora, serendipidade significa:

  1. Aptidão de atrair a si acontecimentos favoráveis de maneira fortuita; dom de fazer boas descobertas por acaso;
  2. Acontecimento favorável que se produz de maneira fortuita; acaso feliz; descoberta acidental.

Os avanços científicos são geralmente o produto de anos de pesquisa dedicada. No entanto, ocasionalmente, eventos que acontecem por acaso podem levar a progressos científicos significativos. Ao longo da história, o acaso beneficiou a ciência de muitas e importantes formas.

A criação da palavra serendipidade é atribuída ao inglês Horace Walpole, em 1754. Numa carta que escreveu a seu amigo Horace Mann, Walpole usou-a para explicar a descoberta inesperada que tinha feito de um retrato perdido da Grã-duquesa Bianca Cappello: “this discovery, indeed, is almost of that kind which I call Serendipity, a very expressive word.” Walpole criou a palavra por referência a um antigo conto de fadas persa, Os Três Príncipes de Serendip. Serendip é o lugar onde decorre a história, antigo nome persa do Ceilão, atual Sri Lanka. Na história, três príncipes aventureiros, em busca de um camelo perdido, são protagonistas involuntários de diversas peripécias em que fazem descobertas que não procuravam, umas vezes por acidente e, quase sempre, com sagacidade e perspicácia. A palavra foi ao longo do tempo incorporada em muitas outras línguas, com o significado geral de “descoberta inesperada” ou “sorte”. Consta que Horace Walpole inventou mais de 200 palavras.

A partir dos anos 70 do século XX começou a generalizar-se o uso da palavra serendipidade para designar o efeito do acaso há muito reconhecido como um dos motores da evolução da ciência. Muitas das descobertas importantes que conhecemos e das quais beneficiamos aconteceram por serendipidade e vão desde a penicilina à radioatividade, desde o forno micro-ondas ao Viagra, desde o Velcro ao Teflon.

Porém, a serendipidade não desvaloriza o trabalho dos cientistas pois as descobertas fortuitas nunca seriam possíveis sem poder de observação, capacidade de as entender e de reconhecer a sua importância. Como afirmou o célebre cientista francês Louis Pasteur: “No campo da observação, o acaso só favorece a mente preparada.”

Nesta série de textos sobre Serendipidade que agora se inicia, iremos abordar alguns exemplos do papel fundamental da serendipidade nas descobertas no campo da Química que impactam a nossa vida.

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