O Teflon, uma das substâncias mais versáteis conhecidas pelo Homem, é quimicamente inerte e considerado o material sólido mais antiaderente que existe. Muitas indústrias – por exemplo, aeroespacial, comunicações, eletrónica, processos industriais, materiais medicinais e arquitetura – devem alguns dos seus avanços significativos ao Teflon. É um dos materiais mais versáteis existentes, tendo a capacidade de revestir quase tudo, de equipamentos de cozinha a roupas, de produtos odontológicos a automóveis, sem danificar o produto original ou alterar a sua forma.
Teflon é a marca de um plástico de baixíssimo atrito chamado politetrafluoretileno (PTFE), o qual exibe uma resistência fenomenal a produtos químicos, tem uma alta temperatura de fusão (327°C) e possui propriedades auto-lubrificantes que funcionam surpreendentemente quando o uso de óleo é impraticável. Sendo uma substância inerte, é excelente para utilização em recipientes e em tubagens para produtos químicos corrosivos.
A descoberta do Teflon, que se deve a Roy J. Plunkett, um químico americano que trabalhava na empresa química americana DuPont, atualmente uma das maiores empresas químicas do mundo, é mais um exemplo do papel da serendipidade em Química.
Plunkett descobriu acidentalmente o Teflon, em 1938, enquanto investigava novos gases para fins de refrigeração, que se pretendiam não tóxicos e não inflamáveis, para substituir os gases usados tradicionalmente como refrigerantes, os quais eram tóxicos e envenenavam frequentemente trabalhadores da indústria alimentar e até pessoas com frigoríficos em casa. Numa manhã de abril de 1938, Plunkett pediu ao seu assistente Jack Rebok que montasse uma experiência com um dos cilindros de TFE (tetrafluoretileno) preparado no dia anterior e guardado refrigerado durante a noite. Curiosamente, quando a válvula do cilindro foi aberta, nenhum gás saiu. No entanto, o peso do cilindro não tinha mudado, o que significava que uma fuga não explicava o facto de não existir gás no cilindro. Plunkett retirou então a válvula do cilindro, virou-o de cabeça para baixo e um pó esbranquiçado caiu na bancada do laboratório. Como, ainda assim, o peso do cilindro era quase igual, decidiu abri-lo ao meio, tendo verificado que estava revestido com um sólido esbranquiçado, do tipo cera. Embora inicialmente a experiência tenha sido considerada um fracasso, o PTFE que se tinha formado dentro do cilindro provou ter propriedades notáveis.
A marca Teflon foi registrada em 1945 pela Kinetic Chemicals, uma parceria da DuPont com a General Motors. O Teflon foi desde logo utilizado para conter o hexafluoreto de urânio altamente reativo necessário para o Projeto Manhattan, o célebre projeto de pesquisa durante a Segunda Guerra Mundial, liderada pelos EUA, que levou à construção da primeira bomba atómica.
Curiosidade
Em 1954, Colette Grégoire, esposa do engenheiro francês Marc Grégoire, incentivou-o a experimentar o Teflon que usava como material antiaderente em moldes de alumínio para a construção de canas de pesca em fibra de vidro, nas suas panelas. Posteriormente, este engenheiro criou as primeiras panelas antiaderentes revestidas com PTFE sob a marca Tefal (combinando “Tef” de Teflon e “al” de alumínio).