Imaginem que estão a caminho da escola (ou de qualquer outro sítio que queiram ir, vá). Vão a andar na rua e veem um senhor com uma vestimenta vermelha e com uma mala na mão a colocar cartas nas caixas de correio. Sabem logo que é um carteiro, certo? E se virem uma senhora com uma boina na cabeça e uma farda em tons de azul? Imaginam que possa ser da polícia (polícia municipal, PSP ou GNR, dependendo do tipo de farda). Mas, então, e se for um jornalista (sem ser televisivo), como identificam?
Se fosse há alguns anos, um/a jornalista seria facilmente identificado/a por ter na mão um bloco, uma caneta e um gravador – e, em alguns casos, uma máquina fotográfica -, mas, hoje em dia, este tipo de profissionais pode muito bem ser difícil de decifrar à primeira vista.
Isto porque, com a evolução das novas tecnologias, qualquer pessoa, independentemente da sua profissão, tem na mão um telemóvel que tira fotografias e grava áudio e vídeo. Também qualquer um, perante um acidente, festejo ou qualquer acontecimento que chame à atenção, pega no smartphone e começa a filmar para publicar nas redes sociais ou enviar a conhecidos. Tal não significa que qualquer pessoa saiba o que está a fazer e que possa fazer o trabalho de um jornalista, mas, sim, que tem à disposição quase o mesmo tipo de meios que o profissional da área.
Se é uma vantagem? Sim. Atualmente, posso perfeitamente ir fazer uma reportagem apenas com um telemóvel e publicá-la logo na hora em que terminar o trabalho em campo ou até mesmo fazer um direto para canais de televisão ou redes sociais. Assim, qualquer pessoa consegue saber em tempo real o que está a acontecer, algo muito diferente de antigamente, em que as notícias eram tornadas públicas dias depois de o acontecimento ter ocorrido, porque um jornal demorava mesmo muito tempo a ficar pronto.
Hoje, todos (ou quase todos) temos um telemóvel com acesso à internet, seja via wi-fi ou via dados móveis, e todos estamos conectados uns com os outros e com o mundo. Com aplicações e sites é possível publicar artigos e imagens, que podem também ser editados apenas em meia dúzia de toques. Em questão de minutos, tudo fica online – e para sempre! – , podendo ainda ser atualizado com novas informações quantas vezes for preciso. É esta uma das grandes magias da Internet!
No entanto, nem tudo são rosas, como se costuma dizer. Se qualquer pessoa pode ter acesso a quase todas as ferramentas que os jornalistas e fotojornalistas têm, a informação sobre o que aconteceu pode ser tornada pública ainda antes do que os jornais e isso pode ser um perigo!
O jornalista tem como função filtrar as informações encontradas e só tornar público aquilo que for comprovadamente verdadeiro, sem qualquer tipo de interferências de terceiros. Vai escrever ou editar a informação, de acordo com o seu estilo de escrita e de acordo com o seu estilo de trabalhar, é certo, mas sempre tendo como base a divulgação da verdade dos factos e com o objetivo de informar.
Dou-vos um exemplo muito simples. Imaginem que acontece um grave acidente e que conhecem uma das pessoas que estava no local. Alguém que estava a passar gravou e publicou nas redes sociais o que aconteceu e expôs a cara dos que estavam envolvidos no acidente, mesmo de quem estava ferido. Acham isso correto?
Aqui, o jornalista, quer vá ao local, ou mesmo que utilize fotos que lhe foram cedidas, têm a obrigação ética de não revelar a identidade dos rostos das pessoas e, muito menos, de mostrar imagens que sejam demasiado chocantes para os leitores, como forma de preservar a dignidade das vítimas e não só.
Por isso, tenham em mente que qualquer pessoa pode formar-se em jornalista, mas nem toda a gente com um telemóvel na mão pode sê-lo.